A chegada da Reforma Tributária em 2026 na prática, mesmo que seja uma pequena parte de um todo, já começa a desenhar um cenário de debates no sistema fiscal brasileiro. Para muitos, pode parecer um evento distante, algo a ser enfrentado quando o prazo estiver mais próximo. Mas o tempo, implacável em sua velocidade, logo tornará essas mudanças uma realidade.
Não é exagero afirmar que o país está diante de uma corrida contra o relógio – uma corrida que exige preparação e atenção desde já, especialmente no âmbito federal, onde os primeiros impactos serão sentidos.
É tentador imaginar que o brasileiro, com seu histórico de improvisação e a famosa prática de “deixar para a última hora”, possa subestimar a urgência de se adaptar. Contudo, essa visão simplista não reflete o desafio real que a reforma apresenta.
Trata-se de uma reconfiguração completa, um novo idioma fiscal que todos – do governo às empresas, passando pelos cidadãos – precisarão aprender a falar.
No centro dessas mudanças, as novas figuras tributárias – IBS e CBS – surgem como os pilares da reforma. Substituindo tributos tradicionais como Pis, Cofins, Iss e Icms; impostos que prometem simplificar e unificar, mas, ao mesmo tempo, exigem um esforço de adaptação em regras que ainda vamos conhecer melhor.
Imagine um grande sistema operacional sendo substituído por outro completamente diferente: é assim que muitas empresas e órgãos públicos se sentirão diante do novo modelo. Sistemas contábeis, rotinas administrativas, estratégias fiscais – tudo precisará ser ajustado.
Porém, mais do que a parte técnica, há a questão do tempo. O calendário parece longo quando se fala CBS, mas quem já enfrentou grandes mudanças sabe que ele voa. Entre negociações, aprovações, regulamentações complementares e a transição propriamente dita, cada dia será crucial.
As empresas que começarem desde já a investir em conhecimento terão uma vantagem competitiva, enquanto aquelas que esperarem pelo “último minuto” correm o risco de enfrentar não apenas dificuldades internas, mas também um mercado mais competitivo e exigente.
E é no âmbito federal que as primeiras faíscas dessa transformação se acenderão. A União liderará a implementação da CBS, e será no coração do governo que a reforma encontrará seus primeiros desafios.
Aqui, o esforço de digitalização e integração de sistemas fiscais terá de ser levado a um novo patamar, garantindo que contribuintes tenham acesso a ferramentas que simplifiquem o cumprimento das novas obrigações.
Entretanto, há uma certeza: a reforma não perdoará empresas desorganizadas. Apesar de mecanismos como a compensação tributária – que permitirá aos contribuintes abater valores recolhidos com outros tributos ou solicitar ressarcimento.
Assim, a lição mais importante que podemos tirar desse cenário é a seguinte: a hora de pensar como será o futuro. Planejamento e execução antecipado será diferencial. Não se trata apenas de entender a legislação, mas de preparar processos, equipes e estratégias para um novo paradigma tributário que mudará a forma como negócios e governo interagem.
No caso do brasileiro, o desafio da reforma tributária não é apenas técnico, mas também cultural. Superar a tendência de procrastinar e investir na preparação antecipada será o verdadeiro teste. E quem entender que o tempo está, de fato, correndo, terá as ferramentas certas para transformar o que parece um obstáculo em uma oportunidade.
Até a próxima.